Manifestação

Estudantes, professores e servidores da UFPel se unem contra PEC 241

Nesta sexta alunos anunciaram uma greve geral e reitoria da universidade foi ocupada

Carlos Queiroz -

Esta sexta-feira (21), de eco ampliado contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, foi marcada por greve geral dos estudantes da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), ocupação da Reitoria e performance de alunos do curso de Dança, que também engrossaram o coro contra a reforma do Ensino Médio, que derruba a obrigatoriedade da Arte nos currículos. Na segunda-feira, à tarde, integrantes do Conselho Coordenador do Ensino, da Pesquisa e da Extensão (Cocepe) reúnem-se para apreciar o pedido de congelamento do calendário acadêmico.

E o motivo para solicitação, encaminhada pelos estudantes, ultrapassa a questão das greves que a partir de segunda-feira - com a assembleia dos professores - deverá atingir as três categorias: servidores, docentes e alunos. A ocupação vai além: "Estamos aqui, também, pelo estado de falência da UFPel", destaca a acadêmica de Letras, Fernanda Teixeira, 26. "Entendemos que, sem os repasses do governo federal, a universidade não terá como nos dar uma formação adequada."

O desabafo da jovem toma a mesma linha das várias notas que a Reitoria da UFPel tem publicado nos últimos meses sobre a escassez de recursos. Sem a liberação de, pelo menos, R$ 24 milhões, a instituição não teria fôlego financeiro para manter em dia compromissos, como o pagamento aos cerca de 1,2 mil bolsistas de Ensino, Pesquisa e Extensão. A informação foi, inclusive, confirmada pelo reitor Mauro Del Pino, em entrevista ao Diário Popular, em 14 de outubro.

Em um dos documentos, a crise com o contingenciamento de verbas da União ficou explícita: "... A situação é insustentável e outubro é o mês limite para que soluções sejam dadas, sob pena de tornar impossível a continuidade do cumprimento dos compromissos sociais da UFPel, sendo inexorável a interrupção de atividades com gravíssimos prejuízos acadêmicos, sociais e econômicos..."

Greve geral dos estudantes
Os alunos da UFPel seguiram o mesmo rumo já adotado pelos servidores: optaram por greve geral, em repúdio pela PEC do Teto de Gastos. Ainda assim, vários cursos mantêm diálogos internos, para decidir encaminhamentos próprios e formas de mobilização. A cada dia, novos grupos dizem "Não" à proposta defendida pelo governo de Michel Temer (PMDB). Até o início da noite desta sexta, a lista já incluía, pelo menos, seis cursos de graduação: Pedagogia, Ciências Sociais, Letras, História, Filosofia e Terapia Ocupacional.

O fato de o Diretório Central de Estudantes (DCE) estar sob o comando de uma Comissão Provisória acaba por gerar dúvidas. E, para eliminá-las, o tema eleições para o DCE estava, inclusive, programado para entrar na pauta da assembleia agendada para a noite desta sexta, no Campus Anglo.

Arte em respeito à Arte
O largo Edmar Fetter foi o cenário à performance de alunos e professores do curso de Dança, no final da tarde desta sexta. A manifestação virou grito contra a Medida Provisória (MP) 746, que estabelece a reforma do Ensino Médio e prevê a retirada da obrigatoriedade do ensino de Arte dos currículos. E para fazer ecoar o que entendem como retrocesso, os artistas levaram, em tom de sátira ao público, uma distribuição de "nãos" do governo à prestação de serviços públicos - em Saúde, Educação, Segurança, Assistência Social, Saneamento Básico... E à própria universidade pública, sob ameaça.

E, durante o ato, ocorreu também a distribuição de nota de repúdio emitida pelo Centro de Artes da UFPel. Confira trecho do documento:
"... Num país continental como o Brasil, de enormes riquezas e variação cultural, a Escola ainda é a ponte possível para nosso próprio conhecimento, e o mundo como um todo, através da Arte e da Cultura. Esta MP (746) retira de cada futuro cidadão importante reserva quanto à reflexão crítica e sensível, com a qual também é possível transformar a realidade..."

Participe! 
Uma mateada, a partir das 14h deste sábado, reunirá servidores, professores e alunos da UFPel em frente ao prédio do Campus Pelotas do Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IFSul), na praça 20 de Setembro. A instituição está sob ocupação estudantil desde o último domingo. A razão? Exatamente a mesma: fincar posição contra a PEC 241, que limita os gastos públicos pelos próximos 20 anos.

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